Mas e quando não está? Vale pedir uma ajudinha ao destino?
Mas e quando não está? Vale pedir uma ajudinha ao destino?
Para milhões de pessoas que usam sites e aplicativos de namoro em todo o mundo, vale. E a pandemia que o diga. Com o isolamento social e o fechamento de bares, restaurantes e clubes noturnos — ambientes que favorecem a busca por pretendentes —, ficou mais difícil para os solteiros iniciarem novos relacionamentos. Para quem procura uma conexão duradoura, então, nem se fala. Muitos dos apps de encontros estão saturados de usuários que deixam claro não querer nada sério, além de golpes acontecendo em apps de renomes, uma realidade relatada com frequência, mesmo no mundo real, por quem almeja um relacionamento mais estável.
Foi isso que me motivou, a iniciar a assessoria especializada em promover e intermediar relacionamentos sérios, atendendo todo o mundo. Entre as características que seguram o público, estão a confiança e o sigilo, fazendo uma promessa ambiciosa: segundo a diretora, o serviço é totalmente direcionado para a felicidade e o amor.
— Passei por diversas situações de pessoas que não eram meu perfil, mas era uma forma de dar uma oportunidade. Me deparei com uma realidade que não era a minha. As pessoas brincam muito, não têm compromisso. A realidade vai aparecendo e causa uma frustração no perfil das pessoas como eu, que buscava na época por um relacionamento sério. Comecei a observar que muitas pessoas estavam realizadas no meio profissional, mas não no pessoal. Hoje, a diretora brinca que é também sua própria secretária. Todos os atendimentos são passados por uma triagem e atendidos por ela. Se for do desejo do cliente, ela aciona um psicólogo. Aos interessados em repensar hábitos, ela indica profissionais na área da saúde. Cada caso é avaliado individualmente de acordo com a sua necessidade.
Quando um cliente contrata um serviço GOLD VIP, ele precisa apresentar fotos recentes (que serão mostradas aos possíveis candidatos compatíveis) e documentos como RG, CPF, certidão negativa criminal, residencial, estado civil e comprovantes como profissional, formação e renda, para garantir que ele está livre e desimpedido e disponível para novos relacionamentos. Justamente por isso, indicamos que ele não pode estar em aplicativos de namoro.
Além disso, a pessoa passa por uma entrevista. Na conversa, que costuma durar uma hora, é feita uma análise de vida, levando em conta inúmeros aspectos: dos mais simples, como hobbies e gostos musicais, aos mais complexos, como infância, família, sexualidade e filhos. Logicamente, não podem ficar de fora os sonhos, projetos e objetivos, assim como a clássica “o que você procura num relacionamento?” Somente assim saberemos a sua real possibilidade de busca pelo perfil desejado.
No caso do físico, apenas preferências são admitidas, exigências não. A exceção é a altura e idade mínima e máxima, já que muitas mulheres fazem questão de encontrar um parceiro mais alto do que elas. Ainda assim, de acordo com a idealizadora do serviço GOLD VIP, dificilmente o público sinaliza preferências tão fixas. Como o desejo é por relacionamentos estáveis, a maior parte dos clientes prioriza conhecer o interior dos parceiros.
A entrevista pode ser realizada presencialmente ou de forma online como vídeo chamada, conforme Tamisa, porque ela precisa usar da sensibilidade e do feeling para entender a essência de cada um.
Em média, leva uma semana para validação dos documentos e montagem do perfil até apresentação do primeiro parceiro. Mas, antes de marcar o encontro, o cliente conhece o perfil do outro através da assessoria, podendo ver fotos e informações.Se o interesse for mútuo, ela fornece os telefones e dicas preciosas de como proceder no primeiro contato. O casal pode ir se conhecendo e, depois de um tempo, deve dar feedback à assessoria. Se não bater a química, precisam estar os dois cientes, antes de serem apresentados a outros.
— Se um está todo envolvido, não se pode fazer uma nova apresentação, não podemos criar falsas expectativas. Os princípios, a responsabilidade, seriedade e comprometimento têm que existir e todos são obedientes nesse sentido —
Mesmo em casos mais demorados, assegura que todos encontram sua cara metade. A empresária atribui o sucesso da empreitada à paixão que nutre pelo trabalho — não poderia ser diferente nesse segmento — e ao próprio perfil do público. Embora atenda a partir dos 25 anos, sem limite máximo de idade, a grande maioria dos clientes está na faixa dos 30 aos 60, todos com independência financeira e de um bom nível cultural. No início, a assessoria era mais procurada por elas; hoje, se divide quase que igualmente entre os dois gêneros. Em alguns momentos, os agendamentos masculinos até superam os femininos.
— São pessoas discretas, que já passaram por relacionamentos e sabem o que querem: uma vida mais colorida e bonita, compartilhar sonhos, sentimentos e projetos com alguém. Os relacionamentos que temos na vida, às vezes, não são como a gente gostaria, mas eles nos ensinam muita coisa. Quando chegam aqui, os clientes já sabem onde erraram, os filtros que eles têm que fazer, pergunto o que fariam diferente, o que aconteceu de errado e o que pode melhorar —
Luiza, 32, encontrou o amor com ajuda do serviço Vip Gold. A Empresária estava sem namorar e buscava por um relacionamento sério, por se deparar com parceiros que não tinham nada a ver com ela ou, então, por notar que sempre “faltava alguma coisa”. Antes de realizar o cadastro, costumava ouvir julgamentos sobre conhecer pessoas por meio desse tipo de serviço, mas resolveu investir no serviço de assessoria pessoal.
— É um filtro de pessoas sérias. Não digo que vai dar certo, mas pelo menos facilita. E me entrega algo mais próximo do que eu busco. Assim como se você conhecesse alguém na fila da danceteria, hoje em dia você conhece também em aplicativos. E essas agências também são uma forma. Porém em festas, bares ou aplicativos você não sabe de fato se a pessoa está falando a verdade.
O companheiro da Luiza, Reinaldo*, 41, tomou conhecimento das agências reais de relacionamento quando estudou nos Estados Unidos. — Fiquei com essa ideia na cabeça, estava atrás de encontrar alguém para ter um relacionamento sério e não queria entrar nos aplicativos, porque é outro perfil e tinha muito medo de golpes. Aí conheci o trabalho da Tamisa, que me apresentou a Luiza, uma pessoa super especial — declara o Empresário, que já está planejando formar família.
Uma vez que já nascemos inseridos no contexto de um núcleo familiar, não querer se sentir sozinho é próprio do ser humano. Por esse motivo, buscamos grupos e parceiros que se identifiquem nas mesmas ideias e gostos ou ao menos minimamente parecidos. É isso que alimenta nosso desejo por encontrar alguém. A especialista em psicoterapia de casal e família também aponta que temos buscado relacionamentos fixos mais tarde na vida:
— Na faixa dos 40 anos, as pessoas passaram por outras escolhas e têm mais estabilidade. E têm outras faltas, talvez afetivas. Nessa idade, aumenta a busca por uma empresa que possa ajudar (a localizar parceiros) como aplicativos e agência real. Só que nem sempre querer é poder os casais têm tido facilidade em estabelecer parcerias, mas dificuldade em alinhar objetivos.
— A gente vivencia um momento de muito romantismo idealizado, as pessoas querem parceiros que lhes amem e desejem o tempo todo, quando na verdade a gente sabe que isso não existe. Vai ter o cotidiano e a rotina que vai interferir nisso. Por isso que hoje em dia há relações tão frustradas. O mundo nos ensina a ser muito individualista e a fazer muitas escolhas. Ninguém quer abrir mão das suas escolhas ultimamente e as pessoas acabam tendo dificuldade em se conectar. É mais fácil cancelar o outro, os aplicativos favorecem isso e até os próprios perfis. Aquilo que não se enquadra não entra.
Apesar do individualismo é preciso lidar com as limitações e as frustrações, para que toda relação, e não só as amorosas, possa prosperar e sobreviver aos problemas que vão surgir no caminho. Não existem garantias, nem fórmulas mágicas. Para quem se arrisca a se aventurar no mundo virtual, não dá para esquecer o bom senso:
— A internet e aplicativos podem levar a relações que não exigem compromissos duradouros, onde ninguém precisa realmente mostrar quem é. O uso de aplicativos favorece a idealização da vida, onde cada um pode criar seu “avatar”. Na vida real, as pessoas têm que investir mais e apostar naqueles com quem desejam construir algo duradouro. Isso dá trabalho e exige dedicação de ambos os lados.
— Fomos criados para amar o outro, nos amar era considerado arrogante. Hoje a gente está começando a falar sobre isso. Se uma pessoa entra no relacionamento sem se amar, não vai conseguir fazer isso com o outro, porque a gente não pode dar o que não tem. O amor é lindo quando a gente se ama primeiro. Precisamos quebrar os padrões Disney e até de novela, em que amor é sofrer. Amor não é sofrimento.
Conforme ela, o segredo de um relacionamento saudável é estar saudável, assim como o parceiro. Fazer uma “listinha” do que se procura em outra pessoa também é importante. — Isso precisa estar muito claro na sua cabeça para não entrar no relacionamento querendo mudar o outro. Pois isso não vai acontecer.
Autoconhecimento é outro item fundamental para compreender vícios, padrões de comportamento e feridas emocionais, que podem estar ligados a eventos vividos lá na infância. Nesse sentido, terapia, leituras sobre o assunto e até técnicas como yoga podem ajudar.
— Todo mundo nasce confuso. Até uma criança que teve família estruturada e muito amor vai ter feridas emocionais. Nós, como crianças, não temos filtros emocionais. Vamos ter que acertar esses ponteiros mais pra frente, na adolescência e na vida adulta, e podemos acabar projetando essas crenças limitantes para a vida — destaca a especialista.
Na procura pelo par ideal, os serviços que avaliam perfis podem alimentar o imaginário de uma relação completa e perfeita. Entretanto, sem autoconhecimento e sem tolerância, não há complementaridade:
— O desafio é equalizar as diferenças e dificuldades do dia a dia. Tolerar as frustrações do outro e as limitações de si mesmo é um elemento fundamental na vida a dois.
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